quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O dilema dos jornalistas: confiar ou não nas fontes oficiosas

Fátima Mimbire, jornalista da AIM, repórter de fibra das poucas que admiro no jornalismo de imprensa - tal como Conceição Vitorino do Zambeze/Canal de Moçambique -, escreveu no Notícias de hoje um interessante texto de opinião que traz à tona o velho dilema dos jornalistas: dar crédito ou não às fontes oficiosas, aquelas que muitas vezes são responsáveis pelos melhores "scoop" ou "cachas", ou "breaking news" exclusivos na televisão em directo.
A trilogia da fuga de Anibalzinho foi responsável pela última sequela: Atanásio Marcos, pivot do Jornal da Noite da STV e editor de política d'O País conduziu um invulgar serviço noticioso alongado num destes dias, para tentar confirmar a informação da recaptura de Anibalzinho. Correu todos os riscos e confiou nas suas fontes. A AIM também noticiou. Os Repórteres Sem Fronteiras divulgaram para o mundo a mesma informação da recaptura de Anibalzinho. Dias depois, o Ministro do Interior veio dizer que se tratavam de rumores tendenciosos ou maliciosos, descredibilizando assim a "notícia" cujo emissor principal fora precisamente o seu por acaso afilhado de casamento.
Fátima Mimbire vem expôr o dilema que um eminente estudioso do fenómeno jornalismo já chamou de relação amor/ódio (entre jornalistas e fontes), e outro já considerou como uma dança esta negociação entre fontes e jornalistas.
O texto da Fátima Mimbire acrescenta um elemento hoje fulcral nas relações humanas, o telemóvel: através do bem-amado SMS, veículo poderoso de informação instantânea. Não admira que os jornalistas do Zambeze e do Magazine Independente coloquem na ficha técnica os seus números de celular privados como meios de contacto oficiais como quem diz: estou disponível 24 sobre 24 horas, a notícia é o "pão nosso de cada dia".
O texto de Fátima Mimbire faz-me lembrar a coluna, há uns anos, de Mia Couto no jornal domingo, O Queixatório. Este era um caso digno de estudo pelo Queixatório...só que não pelos leitores, mas pelos próprios jornalistas. Como já não há queixatório, rogo tal função, desta feita como Consultório de Media, à blogosfera.
Leiam o texto e venham daí as vossas sugestões: como lidar com as fontes?
A relação entre jornalistas e as fontes de informação
Por Fátima Mimbire, da AIM
DE há uns tempos para cá tem sido frequente que nós, jornalistas, e até o público em geral recebamos SMS´s dando conta de que acaba de acontecer isto ou aquilo no país ou no resto do mundo, como foi o caso da detenção do antigo Ministro do Interior, Almerinho Manhenje, que, neste caso, mexeu com o céu e a terra moçambicanos, talvez porque era a primeira vez que um antigo ministro era detido em pleno dia, acusado de corrupção.
Maputo, Quinta-Feira, 18 de Dezembro de 2008:: Notícias

Como é óbvio, para nós, jornalistas, sempre que nos chega este tipo de informações via SMS´s ou através doutra fonte qualquer não oficial, a nossa primeira reacção é procurar ouvir a quem de direito, para apurarmos se o que se diz é ou não verdade.
Foi, pois, via SMS que tomámos conhecimento, pela primeira vez, da detenção de Manhenje, Cambaza e de outros tantos grandes antigos dignitários do nosso Governo, que aparentemente se deixaram cair na tentação do dinheiro, tal como aconteceu com Judas, quando vendeu Cristo, e ter-ão-se apoderado do erário público.
Foi também por via SMS´s que soubemos, em primeira água no domingo dia 7 deste mês que o famigerado Anibalzinho tinha voltado a se escapulir ou a ser solto por aqueles que o deviam guarnecer na cela do Comando da Polícia em que se encontrava desde que fora recapturado quando já estava no Canadá.
Tem sido também através de SMS´s que temos tomado conhecimento primário de outras tantas ocorrências susceptíveis de se noticiar, como dos repetidos incêndios que amiúde têm devorado algumas das instituições públicas, e que para alguns são fogo para se destruir evidências das falcatruas que ao longo de anos foram sendo feitas, para que os seus autores não sejam também chamados a responder nos tribunais.
Há que vincar que de todas as vezes que recebemos este tipo de informações, o que muitos de nós têm feito é tentar confirmar junto das autoridades competentes ou de direito, ou tratamos de correr para o local onde as coisas estejam a acontecer, quando se trata de algo que podemos ver “in loco”, como é o caso de um incêndio.
Assim o fizemos quando nos chegou via SMS a informação de que Manhenje, Cambaza… tinham sido detidos, do mesmo modo que solicitámos a confirmação de que Anibalzinho tinha voltado a fugir na manhã do domingo dia 7. Há que destacar também que de todas as vezes que recebemos estas SMS´s, veio a se verificar que era verdade, se bem que havia alguns aspectos que precisavam de ser limados, como quando se dizia que Manhenje foi detido em plena aula perante o olhar impotente dos seus estudantes no ISRI onde dava aulas.
Curiosamente, esta fonte, digo SMS, voltou a nos dar, na noite da segunda-feira última, a surpreendente informação de que Anibalzinho havia sido, uma vez mais, recapturado quando se encontrava na zona da Namaacha, presumivelmente a caminho da Suazilândia ou África do Sul. Tal SMS havia sido enviada a vários outros jornalistas da AIM, RM, STV, só para citar alguns dos órgãos que há no nosso país, pelas mesmas fontes policiais que no passado lhes haviam, por assim dizer, chutado outras SMS´s que mais tarde viriam a se confirmar que estavam reportando factos verídicos noticiáveis, e não falsos como se diz agora deste caso da propalada recaptura do Anibalzinho.
Importa referir que os jornalistas que receberam essa mensagem, alguns deles, como eu pessoalmente, tudo fizemos naquela noite para tentar obter uma confirmação junto dos responsáveis da nossa Polícia que têm esse dever de (des)confirmar este tipo de informações do tipo diz-se, diz-se que…o Ministério da Agricultura está a arder, que fulano de tal foi preso, que fugiu ou que foi mesmo abatido.
Só que desta vez tais responsáveis optaram não só pelo mutismo tanto deles como dos seus porta-vozes, como não atenderam os seus telefones ou celulares, o que nos colocou numa situação de tensão e de não sabermos como desfazíamos esta SMS, se devíamos ou não assumir como verdadeira essa informação. O pior é que mesmo o tradicional “briefing” das terças-feiras às 10 horas não se realizou e não houve nenhuma explicação do porquê. Perante este mutismo, alguns de nós, como eu, optamos por recorrer a certas nossas fontes fidedignas que temos na corporação policial, e que muito embora não estejam oficialmente investidas desse poder de dar informação em primeira mão, ou pelo menos confirmar o que esteja a circular através das SMS´s, nos têm mesmo assim sido fontes credíveis e seguras, para através delas furarmos a cortina de ferro ou de silêncio das fontes autorizadas.
Foi o que eu fiz nessa noite de segunda-feira. O que me levou a tomar como verdadeira a informação de que Anibalzinho tinha sido uma vez mais recapturado é que me foi confirmada pela mesma fonte policial que há vários anos me vem confirmando outras ocorrências, como foi o caso da detenção de Manhenje, antes de ser oficialmente confirmada pelas fontes autorizadas. O que também me levou a assumir que desta vez devia ser verdadeira é que fiz também o que nós, jornalistas chamamos de cruzar fontes, consistindo em contactar colegas de outros órgãos de comunicação, para verificar se eles também têm a mesma informação das suas próprias fontes. Uma vez feito isso, soube que eles tinham de facto tido essa mesma informação de fontes que têm primado pela verdade e que nunca os desiludiu. Uma vez cruzadas as fontes, não vi outra razão que me detivesse de publicar a notícia.
Só que, estranhamente, desta vez afinal nos confirmaram uma informação falsa (?), o que pelo menos para muitos de nós o fizeram pela primeira vezdesde que começaram a nos passar informações já há vários anos!
Neste momento, alguns de nós temos estado a reflectir e a ponderar o que fazer agora no futuro: se devemos deixar já de contar com estas fontes não oficiais, para que não passemos a noticiar outras falsidades como o fizemos agora, para passarmos apenas a contar com as fontes autorizadas. Quanto a mim, acho que para evitar voltar a fazer uma notícia falsa como fiz agora, deveria nunca mais basear-me nessas fontes extra-oficiais. Só que me deparo com um problema que caso não seja resolvido - que é esse das fontes oficiais terem o hábito de não dar informação em tempo real ou de não darem mesmo nenhuma, optando por não atender os seus celulares, não vejo outra alternativa que não me basear nestas não oficiais, tanto mais que provaram que são muito eficientes, para além de que só falharam até aqui uma só vez, após vários anos de nos prestarem um alto serviço.
Creio que vale a pena continuar a contar com elas, se quisermos evitar que um dia o público seja atingido por um “tsunami” sem que tenha sido alertado antes. Digo isto porque se um dia as nossas costas forem atingidas por este tipo de calamidades, as SMS´s iriam nos alertar primeiro que as nossas fontes oficiais. Mesmo aquando das explosões do Paiol aqui em Maputo, quem nos alertou em primeiro lugar foram as SMS´s, e depois a Imprensa, e só muito mais tarde é que veio a informação oficial das fontes oficiais. Ora, esta lentidão em providenciar informação pode ser catastrófica em certas ocorrências do tipo “tsunami” ou terramoto.
O que prova que há lentidão na reacção oficial é que mesmo esta notícia sobre a tal recaptura do Anibalzinho levou mais de 24 horas para ser desmentida pelas fontes oficiais, o que julgamos que foi tempo demais para uma notícia desta envergadura. Na verdade, assim que as horas foram passando e não se ouvia nada dos responsáveis da Polícia, o público foi assumindo que a notícia era verdadeira. Muitos acreditaram porque se basearam no adágio que reza que quem cala consente.
Muitos perguntam-se agora o que se terá passado com os porta-vozes da Polícia, para as autoridades competentes terem visto na STV, por exemplo, e lido no dia 9 em vários jornais que Anibalzinho havia sido recapturado, e terem-se mantido mesmo assim caladas, quando sabiam que não era verdade, e só virem desmenti-la passados quase dois dias!?
Será isto normal? Claro que não. Isto é grave, porque se fosse uma notícia falsa que colocasse o público em pânico, como do tipo de que há um “tsunami” que está a aproximar-se da nossa costa, ou um devastador temporal do tipo “Katrina” que há cerca de dois anos devastou a cidade norte-americana de Nova Orleans, e forçou os seus habitantes a saírem em debandada, teríamos já muita gente morta, ou pelo menos que se teria sacrificado durante mais de 24 horas em vão, a tentar fugir ou mesmo saltar dos seus prédios, quando afinal não havia perigo nenhum. Pensamos que as autoridades do nosso país têm o dever não só de dar informação que seja útil aos cidadãos, como a devem dar em tempo real, sob pena de perderem a credibilidade do público que, neste caso, se assumem como estando ao seu serviço.

8 comentários:

Júlio Mutisse disse...

Tentei perceber a dinâmica entre o jornalista e a fonte e fiquei procupadp com a teoria da definição ou conspiratória de Stuart Hall. Aproximou-me MUITO do que tenho visto em Moçambique e de certa forma confirmado no texto da FM, principalmente quando enfatiza que procurou, insistiu em ouvir as fontes oficiais até que, dado o insucesso, recorreu - secundariamente - as "suas" fontes de outras vezes.

É que segundo a teoria da definição ou conspiratória de Stuart Hall (consultável daqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonte_(jornalismo)) é a fonte quem define o que é notícia. Stuart Hall, especialista em estudos culturais, considera em “O Primeiro Definidor” (EUA, 1978) que os órgãos de comunicação social tendem a reproduzir a estrutura existente no poder, na ordem institucional da sociedade pois dão preferência aos definidores primários, aos porta-vozes. Ele identifica quatro tipos de autoridade:

Fonte institucional
Fonte de poder ou de autoridade
Fonte política
Fonte sofisticada ou especializada (assessores)

Hall demonstra-se preocupado e diz que é importante haver mais jornalismo de investigação. Também há fontes não conhecidas, anónimas, que têm de desencadear processos espectaculares ou protagonizar algo que fuja à rotina para estar nas notícias.

Milton Machel disse...

Caro Muthisse,

Foste buscar uma das minhas fontes (eish!)predilectas das Teorias da Comunicação, Stuart Hall. Trazes dois elementos estruturantes para a notícia: a montante, a fonte primeira como definidor principal das notícias. De facto, olhando para os nossos semanários, grosso modo as matérias sobre a "bufaria" são sustentadas por aquilo que as fontes disseram...é a supremacia da fonte sobre o jornalista que não a filtrou através do processo...a jusante: jornalismo de investigação. Parece redundante dizer jornalismo de investigação pois o verdadeiro jornalismo é por sua própria natureza investigação. Mas, agora mais do que nunca se impõe investigar (e até investigar as motivações, as agendas das fontes que passam essa informação. Mais do que a supremacia dos interesses da fonte e a hegemonia (pendor muito forte no nosso jornalismo actual) da opinião do jornalista, a notícia deve reflectir a incessante procura da verdade a que se apelida de investigação.
É aí que se resolve o dilema dos repórteres: não sancionar os seus "garganta funda" mas acreditar... desconfiando. O espírito da dúvida metódica é o desconfiar da verdade, não desacreditar nem descredibilizar mas questionar. O jornalismo como construção social da realidade pode tornar certa verdade (no sentido de que o é interinamente ou transitoriamente) algo que não o é (VEJA O CASO DAS WMD que George Bush enganou o Tony B...liar e a media americana como motivação para a INVASÃO AO IRAQUE...foi vendida como verdade até um certo momento), pode conduzir a que um desejo ou um vaticínio seja tomado como verdade.
O caso fica ainda grave quando os media são movidos a vender essa certa verdade (desejo, vaticínio) e um facto posterior como que a confirma e os veiculadores da mesma anunciam-se triunfalmente: ESTÃO A VER, NÓS TINHAMOS RAZÃO, NÓS DISSEMOS! Isso é perigoso, pois esse amor à razão leva a que as fontes fiquem mais poderosas, o jornalista faz profissão de fé à fonte - SE SEMPRE ME DEU ESTAS "BOMBAS"... - e fica algo cego. O jornalista deve apenas confiar na DÚVIDA METÓDICA, cuja ferramenta de trabalho é a investigação. CASO CONTRÁRIO, É O TRIUNFO DAS FONTES.

PC Mapengo disse...

Mano Júlio, como tu ando preocupado com essa relação jornalista/fontes. Tal como Milton, tu levantas a questão de as fontes estarem cada vez mais a controlar a agenda dos jornalistas e infelismente é verdade.
FM expõe a nu essa situação e lamenta o facto de as suas “fontes oficiais” desta vez terem falhado. O que acontece na verdade é o jogo de interesse que existe em qualquer sociedade e todos os meios podem ser usados como armas.
Quando reclamamos o silêncio das fontes oficiais em alguns casos parece que esperamos que elas sempre nos apareçam a dizer-nos aquilo que é verdade. Esta esperança de fontes oficiais como nossas parceiras tem produzido nos últimos tempos o “jornalismo sentado” onde ficamos a espera dos comunicados de imprensa ou convites para conferências de imprensa. O mais importante, quanto a mim não são as fontes oficiais mas sim o que a gente faz com a informação que nos vem as mãos, seja ela de fontes oficiais ou não oficial.
Milton refere-se e muito bem a dúvida metódica. Claro, é a isso que se exige de nós como jornalistas. Temos de questionar e questionar sempre principalmente quando nos vêm dizer coisas óbvias como a água é inodora, insípida e incolor: porquê que alguém nos vem dizer justamente isso? Ernesto Nhanala sobre isso escreve que “é preciso usar óculos do jornalismo” e alguém chamou a isso de “olhar para além do opaco”.

Júlio Mutisse disse...

Milton & Mapengo,

É interessante dialogar convosco sobre este tema.É interessante por 2 motivos principais: (i) a clareza com que V.Excias abordam os temas e (ii) serem ambos jornalistas ou com "queda" para a coisa.

A minha questão para vocês é: é possível, na actual conjuntura das empresas jornalísticas, ir para além do "jornalismo sentado"? Há espaço para "usar óculos do jornalismo” e “olhar para além do opaco”?

O que é que torna o jornalismo moçambicano exageradamente dependente das fontes oficiais? Ou, de outra forma, o que é que torna o conteúdo dos espaços noticiosos nacionais exageradamente iguais (incluindo os semanários que, quanto a mim, têm mais tempo para digerir as informações, questioná-las e ir para além do OPACO)?

PC Mapengo disse...

Júlio começo copiando uma passagem tua:
(A minha questão para vocês é: é possível, na actual conjuntura das empresas jornalísticas, ir para além do "jornalismo sentado"? Há espaço para "usar óculos do jornalismo” e “olhar para além do opaco”?)

Penso eu que este é o melhor momento para se fazer um jornalismo não sentado. Milton, há um ano, escreveu algo como “a falência dos semanários.” O que ele levantava nesse texto era a necessidade de os semanários correrem atrás de histórias, principalmente, pelo tempo que os diários não têm. Enquanto que os diários, pela sua própria natureza precisam de correr, exige-se a eles que nos ofereçam o que está a acontecer, o como a coisa está a acontecer.
Os decanos de jornalismo moçambicano dizem que no seu tempo investigavam mais. Infelizmente, pelo comodismo que se apresenta no jornalismo actual essa afirmação soa com alguma verdade. Estamos a falar de um tempo que tínhamos mesmas ansiedade que era a preservação da revolução. É esquisito pensar que nesse período investigava-se mas é nesse período que se contavam histórias brilhantes. É desse período que surgiram marcos e não de forma esporádica.
Agora meu caro Júlio se nos oferecem duas coisas, o interesse pelo lucro que sustenta as próprias empresas jornalísticas (já falamos várias vezes sobre isso e sabes que acho que estas não são exactamente empresas ou não funcionam como tal) e, infelizmente tenho de voltar ao provincianismo referenciado por Josué Bila.
Mas pela pluralidade do nosso país, pela diferença que existe nesta pátria amada este é o melhor momento para se ir para além do jornalismo sentado que é, de certeza a forma mais fácil de fazer jornalismo e “usar-se óculos do jornalismo”.
Mas temos de estar atento a uma coisa, na actual conjuntura o jornalista aparece no meio de um jogo de interesses. Sendo assim, mais do que uma arte, como muitos dos meus colegas de jornalismo cultural definiam o jornalismo antes, exige-se que ele (o jornalismo) seja visto como um jogo no meio desses interesses das fontes e é preciso saber jogar. O melhor método por enquanto é exactamente olhar para além do opaco, ou se preferirmos, nos apoiarmos na dúvida metódica.

Júlio Mutisse disse...

Entao, meu caro Mapengo, esta eh igualmente a altura de os jornalistas se posicionarem nesse jogo de interesses a que te referes. Ha espaco para outro genero de jornalismo por aqui.

Infelizmente, acho que os decanos do nosso jornalismo, mesmo que falem das glorias do "seu tempo" jornalisticamente falando, sao os principais promotores do comodismo do jornalismo sentado, la nas empresas que eles criaram e que sao donas de certos jornais. Isso tem que mudar, acho que os decanos do nosso jornalismo tem que se envergonhar da latergia e do comodismo do nosso jornalismo neste tempo se comparado com o tempo deles pois eles continuam sendo parte (se calhar a mais importante) do problema. Eles podem criar condicoes para que se abandone a fonte portada na voz oficial dos ministerios e das instituicoes publicas nacionais. Eles podem criar condicoes para que se QUESTIONE essa a informacao dessa fonte (falando dos semanarios) indo para alem do que ela diz; procurar outras formas de ver a mesma realidade.

PC Mapengo disse...

Júlio, nas centrais do Escorpiao desta semana, Anselmo Titos traz um artigo sobre os desafios para o jornalista do Século XXI. Tu perguntas se um outro jornalismo é possível, a resposta é claramente um SIM. Precisamos um jornalismo não simplesmente de "aconteceu" mas um jornalismo, principalmente nos semanários, que é de contar a história. mais do que dizer que algo aconteceu importa o como aconteceu. o dizer "como aconteceu" é que se torna mais complicado e ninguém está muito desposto para investir nisso.
Os desafios para o jornalista de século XXI é ir para o além do normal, é ter capacidade de trazer para o leitor com algum interesse o que as TVs, rádios, nets e celulares levaram ao conhecimento do público. como fazer isso?

Elísio Macamo disse...

excelente discussao a vossa. parabéns!